Uma pesquisa realizada pelo jornalista Marcos Piangers chegou a dados alarmantes: cerca de 98% dos trabalhadores se considera cansado. Em um período extremo, no qual enfrentamos a pandemia da Covid-19, é comum as pessoas se sentirem exaustas. A impressão é que o corpo parece estar o tempo todo desejando uma soneca. Muita gente acredita que está no limite e que sofre da Síndrome de Burnout. No entanto, cansaço e exaustão não são o mesmo que Burnout. Para saber se você está sofrendo deste problema é necessário encontrar certos padrões e medi-los.
O que é a Síndrome de Burnout
Em 1981 uma professora de psicologia da Universidade da Califórnia chamada Christina Maslach desenvolveu o Maslach Burnout Inventory (MBI). Essa metodologia ajuda a definir e medir a Síndrome de Burnout.
O MBI tenta esclarecer a questão com base em três critérios: exaustão total ou falta de energia; sentimento de cinismo ou negatividade em relação a um trabalho e ineficácia ou sucesso reduzido nas questões laborais. Para que seja diagnosticada a Síndrome de Burnout é necessário que a pessoa tenha uma pontuação negativa nesses três critérios.
Michael Leiter, psicólogo organizacional, afirma que o maior erro das pessoas é associar o Burnout com a exaustão mental. “As pessoas usam o Burnout como sinônimo de cansaço e não entendem que existe uma diferença enorme entre esses dois estados”.
Fatores que indicam a Síndrome de Burnout
Para entender melhor o que é Burnout, vamos fazer algumas analogias bem simples.
- Obstetras costumam trabalhar em horários caóticos. Eles podem ser chamados a qualquer hora para realizar partos e, muitas vezes, estão completamente exaustos. Esse cansaço está longe de ser considerado Burnout
- Há pessoas que não estão engajadas em seus trabalhos. Elas atuam de maneira apática, realizando suas tarefas laborais apenas para pagar as contas. Dentro deste grupo, existem ainda os cínicos: gente que não se preocupa com clientes, colegas ou com a própria função.
- Existe ainda pessoas que apresentam baixa eficácia em suas tarefas ou têm suas carreiras paralisadas por algum motivo.
Para que seja diagnosticado a Síndrome de Burnout é necessário se enquadrar nesses três quadros: exaustão, cinismo e falta de eficácia. Felizmente, a maioria das pessoas não se enquadram nesses três pontos. No entanto, é necessário tomar cuidado.
Burnout é um espectro
A Síndrome de Burnout é um espectro e muitas pessoas estão dentro dele. Embora a doença seja definida através das pontuações no MBI, Maslach e Leiter identificam três pontos intermediários: sobrecarregado, ineficaz e desengajado. As pessoas que se sentem assim ainda não estão com Burnout, mas estão nesse caminho.
Mesmo com 98% das pessoas se sentindo cansada, os números de diagnósticos de Burnout, nos últimos meses não chega a 20%. Pode parecer números baixos, mas pessoas que estão nessa situação não conseguem resolver seus problemas, descansar ou aliviar o estresse mesmo com férias ou momentos de bem-estar.
Para evitar o extremo da Síndrome de Burnout é preciso começar a trabalhar seu comportamento desde já. Pessoas que atingem o ápice do cansaço, cinismo e ineficiência podem ser incapazes de voltar para uma empresa ou até mesmo incapazes de realizar um tipo específico de trabalho.
Dicas Para Evitar o Burnout
Por mais que você seja apaixonado pelo que faz, estabeleça limites para sua vida. Não faça com que seu trabalho se sobreponha às horas de lazer e de descanso. Evite compulsões, como a de olhar emails empresariais nos finais de semana sem que haja necessidade.
Invista também em autoconhecimento para que você seja capaz de identificar alterações em sua rotina. Frequentemente, questione se você está feliz e satisfeito com seu trabalho e se a empresa que você atua está alinhada com as coisas que acredita.
Outra dica importante é abandonar a ideia que ser produtivo é fazer várias coisas ao mesmo tempo. Também entenda que seu trabalho não precisa ser sempre perfeito. Por influência das redes sociais, mesmo que de forma inconsciente, acreditamos é necessário buscar a perfeição em todas as esferas da vida. Evite fazer críticas a si mesmo e não se culpe caso tenha que priorizar certas coisas em determinados momentos na sua vida.
Outras dicas:
- Defina pequenos objetivos na sua vida profissional e pessoal;
- Mantenha uma rotina saudável de sono, dormindo pelo menos 8 horas por noite;
- Participe de atividades de lazer com amigos e familiares;
- Faça atividades fora da rotina diária, como passear, comer fora ou ir ao cinema;
- Evite o contato com pessoas tóxicas e que vivam reclamando;
- Converse com alguém de confiança sobre seus sentimentos. Se necessário, procure ajuda profissional;
- Faça atividades físicas regulares;
- Evite o consumo em excesso de bebidas alcoólicas, cigarro ou outras drogas;
- Não se automedique nem tome remédios sem prescrição médica.
Já falamos sobre o assunto no artigo Síndrome de Burnout: quando o trabalho é a causa da doença.
Se quiser saber mais sobre exaustão mental, leia a Edição 30 da Revista Vertical.