O Teatro Paiol tem uma história curiosa. Em 1874 foi erguido um edifício de arquitetura romana pelo Exército Brasileiro. Este local era usado para armazenar o arsenal de pólvora e as munições.
Pouco tempo depois, o espaço se tornou um depósito de explosivos. No entanto, em 1917, após a proibição do exército em relação a guardar artigos inflamáveis, a Prefeitura de Curitiba transformou o local em uma das sedes da secretaria de obras e pavimentação.
Na década de 1970, após uma transformação cultural que a cidade, foi criado o primeiro Teatro de Arena de Curitiba. Em toda sua história artistas locais e grandes nomes da música brasileira dividiram o espaço. O público compareceu para ver músicos, compositores e grupos curitibanos que despontaram na época: João Gilberto Tatara, Paulo Vítola, Paulo Leminski, Rosi Greca, Helinho Brandão, Nhá Gabriela, As Nymphas, Blindagem, Grupo Ogum e grupo Rosa Branca.
Entre os artistas de expressão nacional, passaram pelo palco do Paiol Elza Soares, Gonzaguinha, MPB-4, Carlos Lyra, Hermeto Paschoal, Nara Leão, Paulinho da Viola, Wagner Tiso, Naná Vasconcelos, Raul Seixas, Gal Costa, Elis Regina, Fafá de Belém, Gonzaguinha, Zezé Motta, Leci Brandão, Ivan Lins, Djavan, João Bosco, Zizi Possi, Lula Santos, Nana Caymmi, Adriana Calcanhoto e muitos outros.
As características do teatro, com formato de arena, um pequeno palco intimista e um espaço com pouco mais de 200 lugares transformaram o Teatro Paiol em um local único no Brasil.
O Batismo de Vinícius de Moraes
O Teatro Paiol teve uma inauguração com um show memorável. Na noite do dia 27 de dezembro de 1971, iniciou uma temporada de três dias de shows com Vinícius de Moraes, Toquinho, Marília Medalha e o Trio Mocotó.
A abertura do novo teatro possibilitou o sonho de trazer Vinícius de Moraes para fazer um show em Curitiba. Nesse período, o poeta já havia sido aposentado (compulsoriamente pela ditadura militar) de seu posto diplomático e tinha virado uma espécie de hippie do litoral baiano.
O jornalista Aramis Millarch localizou o telefone de um vizinho de Vinícius. Ele ligou para fazer um convite ao poeta que, para a surpresa geral, foi aceito.
No último dia, ao tocar a música Paiol de Pólvora, Vinícius batizou o Teatro com uma garrafa de uísque. O espaço, por pouco, não se chamou Teatro Sergio Porto. Hoje o Teatro Paiol possui uma sala dedicada ao poeta.
Parcerias Impossíveis
Um dos projetos mais inovadores e interessantes do Teatro Paiol foram as “Parceiras Impossíveis”. Um encontro de personalidades de áreas e opiniões contrárias. Compartilhando o mesmo banco e em sintonia com a platéia os convidados dialogavam sobre temas da atualidade que remetiam ao momento político vivido pelo país.
Ao longo dos quatro anos de projeto, o Teatro Paiol abrigou vários debates impossíveis: João Saldanha e Paulinho Nogueiral, Luiz Inácio Lula da Silva e Maurício Tapajós, Newton Freire e Joãozinho Trinta, Leci Brandão e Aguinaldo Silva, Elke Maravilha e Filomena Gebran, Toquinho e Armando Marques, Cacique Juruna e Zelito Viana, Clodovil e Zezé Motta, Carmem Junqueira e Paulo Autran, Lucinha Lins e Carlos Novaes, Villas-Boas Corrêa e Sérgio Cabral entre outras.
Teatro Paiol Digital
Ao longo de sua história, o Teatro Paiol se adaptou às mudanças do cenário cultural da cidade. Com o crescimento dos espaços para espetáculos, o Paiol se consolidou como um palco para eventos mais intimistas.
Em 2018 o Teatro Paiol passou a ser palco do programa Paiol Digital, desenvolvido pela Agência Curitiba de Desenvolvimento e Inovação com apoio da Fundação Cultural de Curitiba. Esse programa se consiste em reuniões mensais com pessoas conectadas ao mundo do empreendedorismo, inovação e das novas tecnologias. O objetivo é proporcionar networking e fomentar as ações voltadas ao desenvolvimento da cidade.
O Teatro Paiol faz parte da Linha Turismo de Curitiba.