Como tratar queimaduras de sol e se livrar da desidratação na praia

15/01/2020 |

 

O verão chegou, tempo de festas, férias e claro, o tão esperado calor! Muito propício para a gente aproveitar a vida ao ar livre, descansar com muita sombra e água fresca, planejar aquela viagem incrível, ou no mínimo pegar a família e correr para a praia mais próxima. O verão é maravilhoso mas também exige muitos cuidados essenciais em relação à nossa saúde, principalmente se o assunto é praia.

Queimaduras de sol e desidratação são as principais consequências que a exposição contínua ao sol pode trazer – e o cenário se acentua muito se isso acontece na praia. Pensando nisso, conversamos com a Dra. Lília Guadanhim, dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e Médica colaboradora da Unidade de Cosmiatria da Escola Paulista de Medicina (UNIFESP).

A especialista nos ajudou a formular dicas, formas de prevenir e cuidados especiais a serem tomados para evitar essas complicações – que podem ser mais graves do que você imagina. Fique de olho nas informações abaixo para evitar esse tipo de dor de cabeça nas suas férias.

Hidratação
A hidratação é o maior segredo quando o assunto é verão, sol e praia. O nosso corpo é composto por mais de 60% de água, ou seja, com as altas temperaturas da estação o corpo sofre bastante com a perda de líquido através da transpiração.

Junto com esses líquidos, perdemos também sais minerais e nutrientes essenciais para o bom funcionamento do corpo. A desidratação ocorre quando perdemos mais líquido do que ingerimos – essa relação de reposição de líquido no corpo deve ser constante, por isso a importância de ingerir bastante água em todas as suas formas. Abaixo, a doutora Lília nos dá dicas indispensáveis para manter o corpo saudável e bem hidratado no verão.

Exercícios Físicos
A hidratação já é uma questão importante no dia a dia de quem realiza exercícios físicos, mas no verão essa questão é ainda mais essencial. “Em dias quentes, temos o agravante da exposição solar, por isso a necessidade de manter o corpo hidratado aumenta consideravelmente devido ao suor, que fica mais intenso durante os exercícios”, explica a especialista.

Para evitar a desidratação as principais dicas são: tenha sempre uma garrafinha de água cheia à mão, ingira apenas alimentos leves antes de treinar (nunca se exercite em jejum!) e fique atenta ao horário do treino. Tente se exercitar apenas no início da manhã ou no início da noite, onde as temperaturas do dia são mais amenas.

Bebida Alcoólica
O verão também é a época de curtir a praia com os amigos, festejar e se divertir e as bebidas alcoólicas muitas vezes são consumidas durante o dia, o que exige um cuidado redobrado com a hidratação. “Ao ingerirmos bebidas alcoólicas acabamos sem querer substituindo ou diminuindo a ingestão de água. Além disso, o álcool inibe o hormônio anti-diurético, aumentando a perda de líquido pelo corpo”, esclarece Lília.

Entretanto, a cerveja é um tipo de bebida alcoólica que é composta por aproximadamente 95% de água, o que a torna uma aliada da hidratação. “De qualquer forma, a melhor dica é sempre alternar a ingestão de álcool com água para manter o equilíbrio”, confirma a doutora.

Atenção aos sinais de desidratação
Muitas vezes, o início de uma desidratação pode passar despercebido e depois acabar evoluindo para algo mais grave. Daí a importância de identificá-la o mais rápido possível, pois o tratamento é simples.

Segundo a especialista, “os principais sinais de desidratação incluem sensação de boca seca, olhos fundos e diminuição de sudorese, além de outros sintomas como tonturas, indisposição, dor de cabeça e sonolência”. É preciso também redobrar o cuidado com crianças e idosos, que neste caso são parte do grupo de risco, lembre-se de oferecer água regularmente.

Como melhorar a hidratação?
Manter o corpo hidratado é simples mas requer atenção constante (principalmente em relação ao grupo de risco). Segundo a especialista, a ingestão de 1,5 a 2 litros de água por dia é fundamental e isso implica que devemos criar o hábito de beber água mesmo quando não estivermos com sede.

Outra dica é aumentar o consumo de alimentos que possuem bastante água na composição (melancia, melão, laranja, uva, etc). Beber outros líquidos como sucos, água de coco, bebidas isotônicas, chás e afins também repõem os sais minerais perdidos na transpiração.

Fique de olho também nos horários em que for se expor ao sol – quanto mais perto do meio-dia, mais quente e mais chances de desidratar. Procure sair em temperaturas mais amenas – antes das 10h e depois das 16h.

Queimaduras de sol
Uma das grandes inimigas do verão são as dolorosas queimaduras de sol. Talvez você não saiba, mas elas tem tudo a ver com a desidratação. “A pele que sofreu uma queimadura tem sua barreira danificada e com isso há um aumento da perda de água transepidérmica, o que pode predispor ou agravar quadros de desidratação”, explica a doutora. Usar o famoso protetor solar é a medida mais conhecida para evitar as queimaduras, mas algumas dicas podem te ajudar a se prevenir além disso. Fique de olho também nos sintomas e como tratar a queimadura já existente.

Sintomas e Prevenção
Não é preciso ficar muito tempo exposto ao sol para uma queimadura aparecer se você não estiver protegida. “As queimaduras solares se manifestam com vermelhidão e sensação de ardência na pele. Muitas vezes quando os sintomas aparecem o estrago já está feito, então a prevenção é sem dúvidas a melhor estratégia”, esclarece Lília.

Sabemos que o protetor solar é o principal responsável por manter a pele saudável, porém fique atenta na hora de passar. Sempre aplique, com o intervalo de pelo menos 15 minutos antes de chegar à praia e não deixe nenhum cantinho exposto de fora. Atenção redobrada ao passar em crianças, que só poderão usar a partir dos 6 meses de idade. Use e abuse das barreiras físicas, como bonés, chapéus, óculos de sol e camisetas de proteção UV, que podem ser usadas tanto por crianças, quanto por adultos.

Outros itens como guarda-sol (escolha os de lona, que conseguem proteger contra até 50% dos raios solares) também podem ser aliados para se proteger do sol. E lembre-se: é importante evitar a exposição solar principalmente entre 10h e 16h. Praia e piscina nesses horários? Nem pensar! Mas caso ocorra, procure sempre ficar na sombra.

Câncer de Pele
A exposição solar pode ser muito mais perigosa do que parece. Os raios ultravioleta são responsáveis por 80% do envelhecimento precoce da pele, que aparecem por meio de manchas, rugas e até mesmo flacidez. Além disso, a exposição descuidada ao sol também é responsável por triplicar o número de casos de câncer de pele – que é o tipo mais comum em todo o mundo, com cerca de 180 mil novos casos registrados por ano no Brasil.

A médica também enfatiza que o histórico de queimadura solar é um fator de risco importante para a ocorrência de câncer de pele. “Ele pode se manifestar como feridas na pele, lesões que sangram, descamam, doem ou não cicatrizam ou como pintas pretas ou castanhas”. Em caso de qualquer lesão suspeita, procure imediatamente um médico dermatologista.

Como tratar queimaduras?
Normalmente, as queimaduras de exposição ao sol são de primeiro grau e podem ser tratadas em casa mesmo, com algumas dicas que amenizam a vermelhidão e ardência. ”Para começo de conversa, proteger a pele do sol para evitar novas queimaduras e o agravamento do quadro é fundamental”, lembra a dermatologista.

Porém, a dica mais importante é manter a hidratação. Como a queimadura também é uma forma de desidratação, passar loções específicas e hidratantes ao longo do dia alivia muito a sensação de ardor e vai, de fato, hidratando a região.

Além disso, não deixe de beber bastante água para manter o corpo hidratado, o que ajuda muito a pele a se recuperar. Se surgirem bolhas nos ferimentos é uma indicação de que a queimadura é de segundo grau. “É importante não manipular as lesões e, principalmente, não tentar estourar as bolhas”, alerta. A pele vai se curando aos poucos desde que a hidratação seja mantida e os cuidados necessários tomados. Também fique longe do sol para não piorar. Se persistirem sintomas como mal estar, febre, taquicardia, procure um médico.